Todos os dias o
coelho passava pela toca do lobo e, vendo os lobinhos, perguntava:
-O vosso pai onde está?
Os lobinhos respondiam-lhe que o pai lobo não estava, e o
coelho dizia:
-Façam o favor de lhe dizer que o coelho passou por aqui e
que qualquer dia o enraba.
Os lobinhos ouviam e ficavam em grande choradeira. A cena
repetia-se até que um dia o lobo farto das fanfarronices do coelho perguntou
aos lobinhos:
-A que horas é que esse cabrão do coelho passa por aqui?
Os filhotes disseram-lhe e, no outro dia, o lobo resolveu
esconder-se. Quando o coelho chegou e depois de fazer a pergunta sacramental o
lobo saiu do esconderijo a gritar:
-Enraba-me lá se fores capaz!
O coelho vê o lobo e desata a fugir a toda a velocidade. O
lobo furioso vai atrás dele, mas o coelho passa debaixo de um velho tronco de
árvore tombado. Cego de raiva, o lobo não vê o tronco e fica preso nele.
O coelho, nas calmas, aproxima-se do lobo preso levanta-lhe a
cauda, olha para o olho do cú do lobo e diz:
-Eu até nem gosto disto, mas...prometi aos miúdos.
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