Numa Escola muito heterogénea na cidade de Luanda, onde
estudam alunos pertencentes a várias Classes Sociais, durante uma aula de português, a Professora
perguntou:
- Quem sabe fazer uma frase com a palavra "óbvio"?
Rapidamente, Luana Gourgel Pereira dos Santos Van-Dunén,
menina Rica, uma das mais aplicadas alunas da turma, respondeu:
- Prezada professora, hoje acordei cedo, depois de uma óptima
noite de sono no conforto de meu quarto. Desci as escadas da nossa vivenda no
condomínio em Tala-Tona e dirigi-me à copa. Depois de deliciar-me com o pequeno
almoço de frutas e sumos naturais, fui até a janela .
Percebi que se encontrava guardado na garagem o automóvel
BMW-X6, V8 do meu pai. Pensei com meus botões:
- É ÓBVIO que meu pai foi para o trabalho com o AUDI-Q7.
Sem querer ficar para trás, Luiz da Silva Kitumba, um rapaz
de uma família da Classe Média, acrescentou:
- Professora, hoje não
dormi lá muito bem, mas consegui acordar, porque coloquei o despertador na
banca de cabeceira, perto da cama. Levantei-me meio zonzo, comi pão com
manteiga e tomei chá .
Quando saía para ir para a escola, reparei que o Toyota
"Rabo de Pato" do papá estava no quintal. Logo imaginei:
- É ÓBVIO que o papá não tinha dinheiro para ir abastecer
gasolina e foi trabalhar de Candongueiro.
Embalado na conversa,
Domingos Bemba Bumba, um menino originário de uma família da Classe Baixa (é
óbvio), também quis responder:
- Senhora professora hoje quase não dormi nada, porque a
polícia estava a girar e a disparar muito para agarrar os bandidos lá no
bairro, até altas horas. Só acordei de manhã porque estava a morrer de fome,
mas não tinha nada para comer... Quando olhei pela janela, vi a minha avó com o
jornal debaixo do braço e pensei:
- É ÓBVIO que ela vai cagar. Não sabe ler...
Sem comentários:
Enviar um comentário